segunda-feira, 10 de junho de 2013

da (auto) ajuda

Todos nós, em alguma fase das nossas vidas, precisamos de ajuda.
É idiota acharmos que conseguimos sempre fazer tudo sozinhos - ainda que a maioria das vezes o alento possa ser indirecto e a decisão e força partir real e somente de nós.
Há uns tempos iniciou-se a corrida aos livros de auto-ajuda. Semeando uma alquimia invejável, livros e livros revelavam ''segredos'' e truques para que a nossa vida se tornasse, de facto, melhor. Aos poucos aprenderíamos a semear no mundo uma vontade de ser feliz - e o mundo devolver-nos-ia ramos e ramos de flores de felicidade plena. No fundo é apenas a ideologia de que a resposta que obtemos do mundo depende quase única e exclusivamente da mensagem que antecipadamente enviamos: como se apenas conseguimos absorver as coisas boas se pararmos para nos apercebermos de que elas existem. Smell the roses, percebem?
Mais recentemente ainda, além das auto-ajudas, enfrentamos uma invasão de livros onde história inalcançável nos ajuda a fugir da vidinha que temos, recheando o nosso dia-a-dia de adrenalina e completa estupidez. Vampiros, lobisomens e dominatrix que elaboram contratos vitalícios de exploração humana - tudo é válido desde que seja diferente de picar o ponto às nove, ter uma pausa de uma hora para comer comida aquecida no microondas, e voltar a picar o ponto às seis para voltar à tábua de engomar.
O que mais me tira do sério é perceber que, tanto num como noutro caso, são exemplos de auto-ajuda aplicáveis praticamente só ao sexo feminino - tão frágeis as madames, dependem tanto de palavras sábias e de historinhas felizes...



Todos nós, em alguma fase das nossas vidas, precisamos de ajuda.
Seja ela de um ombro amigo a quem ligamos às seis da manhã por não conseguirmos dormir. Um animal de estimação que nos aquece os pés nas noites mais frias. Uma música cuja letra diz em alto e bom som o que estamos a sentir. Uma conversa, um pensamento, um sorriso de um estranho.
Pessoalmente, a minha melhor terapia de auto ajuda é escrever eu mesma sobre os demónios que pretendo exorcizar. E tenho a certeza de que qualquer um de nós consegue, no seu dia-a-dia de vida patética, encontrar um motivo para prolongar a sua felicidade, fazendo desse mesmo motivo o seu mantra de auto-ajuda. Cozinhar para a família inteira, correr pelo parque, passear o cão. Todas as terapias são válidas, desde que nossas.
E chega de fugir aos problemas - todos nós, em alguma fase das nossas vidas, precisamos de ajuda. Nem que seja para admitir isso mesmo.

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