sexta-feira, 28 de novembro de 2014

das gripes

eu, que sou adepta ferrenha do 'não fazer nenhum', estou quase a dar em doida por estar há dois dias de pijama, rodeada mantas e lenços e chás e griponais.
é que já nem me lembrava que o corpo podia doer de estar tanto tempo quieto.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

das boleias

Eu sei que durante muito tempo eras só tu a olhares-me por entre os expositores e a vida a correr à minha frente e no nosso meio. E também sei que, durante muito muito tempo, foste só tu atrás de mim e eu a (não querer) fugir de ti, não a fugir, quer dizer, assim a modos que a fazer de conta que não te via para não ter realmente de fugir à descarada... e tu a não poderes ser mais evidente e a acabarmos os dois a sorrir entre relógios de ponto e boleias por aceitar.
Eu sei, acredita que sei, que a vida te tirou um tapete debaixo dos pés e quando deste conta eu estava lá em cima contigo, a ficar na mesma sem ter onde pôr os pés e a dizer-te que te dava algo que nunca me pediste, mas que me pareceu impossível não oferecer. Isto porque (e isto às vezes desconfio que tu não sabes) tu sempre me ofereceste tudo tudo tudo, sempre abriste todas as portas à minha passagem, todas as janelas para o sol entrar, sempre me tapaste quando ficou frio, me abraçaste quando tive medo, me beijaste os olhos por entre as lágrimas.
O problema foi termo-nos esquecido de que o tempo não pára por entre toda a magia que nos envolve, porque não há feitiço nenhum que combata o tempo. E ele passou tão rápido que nós fomos à boleia dos sonhos sem perceber que havia uma grande parte de realidade por resolver.
Mas acredita que eu sei que durante muito tempo eras só tu a querer-me, ao longe, devagarinho, e que assusta termos finalmente algo que sempre quisemos. Mais ainda assusta apercebermo-nos de que perder esse algo, que o tempo fez questão de construir tão depressa e tão sólido, tão intenso e verdadeiro, é como tirarem-nos novamente o tapete debaixo dos pés... e desta vez não termos ninguém lá connosco, na tijoleira gelada.
Eu nunca aceitei uma boleia tua porque me faltavam certezas. Hoje, sei que não há outro carro onde queira viajar senão naquele que tu conduzas, os dois deficientes a ouvir a tua playlist esquizofrénica, a tua mão na minha perna, o meu nariz no teu nariz.
Os teus sonhos, os meus sonhos, os nossos sonhos.

sábado, 15 de novembro de 2014

das conversas profundas no chat do facebook

mas por outro lado..ele dá.me atençao e tal

mas...nao quero confundir gostar de atençao com outras coisas

pq a minha cadela tb gosta de atenção. e de bolachas . :|


e é por isso que, na falta de melhor e sem medo da solidão, 
há sempre as mulheres que são o próprio testo da sua panela. 
e mai'nada. 



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

do país das maravilhas

Há alturas em que protegemos demasiado uma coisa por não a querermos danificar, como quando somos crianças e não emprestamos a nossa Barbie preferida com medo que outra miúda a possa deixar toda descabelada. 
Proteger algo não é de todo mau, se for feito com a melhor das intenções; o problema da protecção é que às vezes implica que se abdique de algo, em prol do que tentamos a todo o custo proteger. Como se a vida não acontecesse em pleno se não arriscarmos. Como se, a par da protecção, viesse o medo e consequentemente uma lista infindável de coisas que não fizemos por culpa dele.
Não querendo permitir assaltos, tenho muito medo. E mais medo ainda do que esse medo me possa roubar.
Não temo o que possa vir a doer, porque aprendi que não existem garantias nem estamos imunes e que ao virar da esquina podemos encontrar a pior das surpresas... Temo sim o que possa vir a perder.
Quando conhecemos o outro lado do espelho, quando entramos no País das Maravilhas, percebemos o quão aborrecido o mundo era antes de todo aquele brilho que desconhecíamos, qual música do Elton John, 'how wonderful life is now you're in the world'.
É por isso que o medo me faz querer proteger a todo o custo este país que descobri recentemente. Onde a coisa mais banal nos faz ganhar o dia. Onde nunca se adormece de pés frios. Ou chateado. Onde a ponta do meu nariz se transforma numa desculpa para ganhar um beijo. Onde cozinham para nós e juram a pés juntos que até somos boas cozinheiras. Onde há espaço para música de gangster e bom jazz, favaios em tascas ou um bom copo de vinho. Onde há gargalhadas e, tão bom, conversas. Onde não posso ter os meus cinco segundos de amuo sem ter um par de olhos-oceano a resmungar comigo. Onde uma dança na sala de estar se transforma numa das nossas melhores memórias. Onde sermos nós mesmos é requisito obrigatório e há sempre um sofá para descansar a alma. Onde acordamos com um sorriso, depois de ter adormecido a sorrir... para percebemos o quão difícil é voltar a dormir na nossa cama. Onde há planos em tom de brincadeira que nos fazem decidir emigrar de vez.
Há alturas em que protegemos demasiado uma coisa por não a querermos danificar, também para aprendermos, ao longo do caminho, que a vida tem de ser vivida apesar de todo o mal eminente que nela existe.
Pela primeira vez desde que me conheço como gente estou a proteger o meu país em vez de me proteger a mim mesma e juro que me sinto um soldado que se alistou para a guerra, de coração em riste. Será isto, afinal, o amor?


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

de quando até o Continente goza com a nossa cara

aquele momento em que andamos a ver brinquedos para comprar para os nossos sobrinhos pequenos e, por entre as Barbies e os Little Pet Shops deste mundo, damos de caras com réplicas em miniatura de todo o tipo de Mini's... e do BMW i8.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

das constatações #26

Fiz uma limpeza à minha caixa de e-mail e descobri que tenho guardados, desde a sua data de criação em 2007, cerca de 500 e-mails.
Por entre partilhas de músicas, fotos, cartas, horários de emprego e de faculdade (planos de rotatividade, GOD!!!), notícias e e-mails de informações importantes, consegui ver a minha vida resumida em 14 páginas de emails guardados nos últimos sete anos.
Assustador como a informática nos relembra a nossa pequenez.
E como ver certas coisas escritas nos relembra de que há coisas que, anos mais tarde, se vão tornar apenas isso: coisas escritas.



#18AnosOutraVez
#insónias
#oOutroBemDiziaQueOtempoApagaTudo

da mulher mais sortuda do mundo

Há momentos em que me fazes sentir a mulher mais sortuda do mundo.
Como quando, por exemplo, me acordas com um sussurro e um beijo no cabelo, em jeito de lembrança de mais um dia que vai começar, lado-a-lado. Ou quando pousas ao de leve a mão na minha perna numa viagem de carro e fico a ver-te conduzir, sorrateira, com a certeza de me teres ali pra não me deixares fugir.
Nessas alturas não costumo dizer grande coisa. Talvez porque a vida me tenha ensinado a ver estes momentos como algo muito raro - como um daqueles eclipses que ocorrem a cada 50 anos e que são uma sorte de se presenciar - não consigo ter qualquer tipo de reacção quando me apercebo da sua existência. Principalmente porque ao longo do dia há mil e uma acções que executamos sem lhes prestar a mínima atenção... e só quando prestamos, quando estamos disponíveis e atentos, é que vemos a magia que nos envolve a cada segundo de estar vivos.
Por saber da magia que somos capazes é que trago agora o peito vazio e o rosto repleto de lágrimas.
Acredito fielmente que os seres humanos são capazes de se sentir mais sozinhos quando estão acompanhados do que quando estão literalmente sozinhos, se estar acompanhados significar apenas isso mesmo, e não uma coexistência em pleno.
E é tão sozinha que me sinto neste momento que fico sem ar e com raiva de pensar como fui capaz de permitir que o meu caminho me trouxesse novamente a este precipício.
Não preciso de ser salva, preciso somente de me aperceber mais e mais dessa magia que é ser a mulher mais sortuda do mundo, a tua.
Ou talvez - e isso é uma certeza que sempre me acompanhou, mas que escolhi pôr em pause por acreditar que um amor assim não nos visita muitas vezes - talvez a mulher mais sortuda do mundo seja, de facto, a minha.





segunda-feira, 3 de novembro de 2014

de quando a blogosfera nos faz rir. muito.

Tenho uma profunda admiração

…por pessoas que abrem um pacote de bolachas e comem apenas uma ou outra. Pessoas que, não sendo crianças e não tendo uma mãe por perto, abrem um chocolate e comem apenas um quadrado. Pessoas que, tendo fome, bebem um chá e comem uma tosta “para enganar”. Pior… pessoas que fazem isso quando o frigorífico tem um queijo da serra. Pessoas que vão ao supermercado comprar coisas boas para ter em casa e, estranhamente, não fazem o caminho de regresso a sonhar com o momento em que vão entrar em casa e comer tudo de uma vez.
Admiro essas pessoas. A sério.
Era capaz de comê-las.

domingo, 2 de novembro de 2014

dos abraços

Ontem abracei um grande amigo e ficamos os dois mergulhados no sentimento de perda e no vazio, embebidos pela certeza de que ambos merecíamos sorte melhor.
Custa reconhecer, perante nós próprios e toda a gente, que falhamos. De novo.
Que nunca dá certo. Que nunca é a hora.
Ontem abracei um grande amigo e percebi que a solidão é de facto relativa - ficamos os dois, no meio de centenas de pessoas, sozinhos, a dar um ao outro a força que não possuíamos nem para nós mesmos.
E sorri ao reconhecer que vai ficar tudo bem.
Agora só resta continuar a sorrir.

sábado, 1 de novembro de 2014

do estar cansada de estar cansada

Estou cansada. Não só fisicamente (isto de acordar com sono e dores de costas mata qualquer uma) mas também psicologicamente. Farta de me arrastar pelos dias sem força de vontade. Farta da forma como olham para mim a maioria do tempo. Farta de olhar para mim e não gostar do que vejo a maioria do tempo. Farta de me sentir sozinha a maioria do tempo. Farta de explodir nas alturas erradas e com as pessoas erradas. E depois me sentir ainda mais sozinha.




Podemos avançar isto até à parte da felicidade, faxabor?