quarta-feira, 27 de novembro de 2013

do poemas que nos roubam

nunca escrevi sobre a verdade
se a mentira é tão mais cobarde
e custa, e mata
e revolta, e arde
assentar em papel
o que morreu
- e morreu tarde!
e minto, e culpo
e oculto, e esqueço
que não me olhes mais 
é o que te peço
se ser feliz é tudo 
o que eu mereço
salva alguma dignidade
se não te vale carácter nem idade
ao menos que no fundo desse poço
te fique gravado
e impresso, e dito
(e em mim tatuado)
essa triste história, esse triste fado
de espada em riste, o principe malfadado
prometeu salvar o reino encantado!
ao menos que os anos tragam a saudade
a memória, a ideia, a vaga vontade
de seres para alguém a mentira 
que tantas vezes me juraste verdade.


de como um concerto se torna inesperadamente no melhor de sempre

este homem é qualquer coisa de fantástico. 
obrigada!




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

das amigas

Quando vi a chamada perdida pensei logo que poderia ter acontecido algo errado. Não pensei em nada de muito grave, mas no fundo só nós mesmos sabemos a intensidade das coisas que nos acontecem.
Quando finalmente consegui falar com ela, no meio do rebuliço do shopping, o telemóvel quase me caía das mãos.

É incrivel a capacidade que uma mulher tem de tomar conta.
Independentemente de estarmos mal ou bem, somos sempre, sempre capazes de ver algo de bom no remoinho que nos envolve ou envolve aquele de quem gostamos. Mesmo num dia mau, temos um sorriso. Mesmo num dia mau, damos a mão, o colo. Mesmo quando eles não merecem e, pior ainda, quando não querem.
A vida já lhe deu a ela uma dose de trabalhos muito grande. Entre quedas e rebuliços, deu-lhe um coração enorme o suficiente para não conseguir ignorar os que um dia foram algo para ela, ainda que isso signifique ignorar-se, por vezes, a ela própria. Talvez por sempre ter tido no horizonte outras prioridades, escolhesse não admitir que o que realmente precisava era de alguém forte a seu lado, em vez de ser ela a fortaleza e ter ocasionalmente alguém. Talvez por nunca ter encontrado alguém que achasse valer a pena - ou os que achou ter encontrado no fundo revelarem-se insuficientes na sua tarefa - , deixou de procurar. E foi encontrando uns quantos cabrões pelo caminho.

Eu sei que ela sabe que é dela que estou a falar e que não levará a mal nenhuma destas palavras, que no fundo lhe vão chegar em forma de um abraço muito apertado. Por que ela sabe que, apesar de áspera, me preocupo com ela e só lhe desejo o melhor do mundo. E ele vai chegar, eu sei que vai.

Esta alturas na vida servem para nos ensinar a conhecer as pessoas e a antecipar as quedas. O mal destas alturas é que também nos ensinam que nem sempre vale a pena dar tudo o que temos a alguém, se as pessoas nunca nos pertencem e, na maioria das vezes, não ficam... E essa é a parte má que temos de ignorar de forma a seguirmos verdadeiramente em frente.
Espero, do fundo do coração, que esta lição seja para ela apenas um virar de página. Que não lhe doa tanto como há meses me doeu a mim e que não seja todos os dias forçosamente relembrada do tempo perdido (ganho?) -  as cicatrizes intrínsecas são suficientes, o universo não tem de ser tão irónico, ok?! Espero também que esta lição não seja sinónimo de medo. Que não encontre na sua carapaça uma forma de passar despercebida a mais desilusões, já que, no fundo, todos sabemos que as desilusões nos encontram e que não há protecção para elas. O que há, sempre e em qualquer circunstância, é a capacidade de nos erguermos depois da queda e de percebermos que todos os problemas que nos 'abanam', por algum motivo não nos derrubam. E ainda bem.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

das constatações #6

o desafio é o primeiro passo para o interesse.
é isso e deixarem-nos sem resposta.
bandidos.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

domingo, 17 de novembro de 2013

das lições ao sexo oposto

Incrível como ao longo dos anos a pergunta continua a ser ''o que é que as mulheres querem?'', em vez de ser o oposto.
Cada um puxa a brasa à sua sardinha, já se sabe, mas enquanto mulher, quanto mais conheço os homens, mais gosto de animais. Nós somos complicadas, mas a maioria das vezes, propositadamente. Dá-nos um gozo enorme não sermos fáceis de decifrar, ainda que não sejamos difíceis em muitos outros contextos.
Relativamente aos homens, o que nos tira do sério é sabermos que eles são assim por pura preguiça.
Como é que se explica que não saibam o que querem? Que se ponham no nosso caminho, sabendo que não lhes podemos dar o que procuram, e se recusem a admitir que o que lhes podemos dar não lhes chega? Ou, por outro lado, porque é que demoraram tanto tempo a perceberem que queriam algo de nós? Tantas oportunidades, tantos timings, porquê naquele específico momento? Já para não falar de todos os cabrões que acham que uma mulher deve ser tratada como um serviço de take-away: liga-se, escolhe-se, e vai-se buscar quando está pronto para comer. Mas talvez os piores de todos sejam aqueles que não conseguem compreender o conceito de monogamia: será assim tão difícil trabalhar na relação que têm de forma a tornarem-na naquilo de que precisam? Ou, se tal não for possível, será assim tão horrível ficar solteiro para terem a liberdade de perseguir o que lhes dá prazer?
Relativamente a esses, fica a lição do dia:

quem tem coleira não devia dar tanta trela.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

dos sonhos (grandes)

há alturas da nossa vida em que não sabemos para onde ir e eu estou há demasiado tempo assim.
acordamos sem expectativas e os dias passam por nós sem nós passarmos por eles.
acordamos e de repente já temos 23 anos e vivemos diariamente à base de pequenas conquistas, pequenos momentos, pequenos sonhos. tenho saudades dos sonhos grandes - mas se calhar, por culpa das grandes quedas, desaprendi a tê-los.
mas vou repetir: tenho saudades dos sonhos grandes.

 

 


 

 



sábado, 9 de novembro de 2013

do paleio de saco #2

X.: - Prometes que tomamos um café?
Eu.: - Sei lá...
X.: - A sério, és a número 1 na lista de pessoas com quem mais quero sair!
Eu.: - Errrrr....
X.: - Essa lista só tem uma pessoa. Mas não digas a ninguém.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

das marés e dos marinheiros

No meio de uma conversa filosófica sobre a necessidade de um casal se adaptar às necessidades do outro e ceder por vezes (desde que se encontrem a meio do caminho), perguntaram-me se eu estava bem.
Pela primeira vez em muito tempo não fiz cara de peixe mal morto para dizer ''vai-se andando'' ou ''sim, vai passar'', como é hábito desta carapaça sorridente.
Pela primeira vez em muito tempo sorri de forma sincera e disse algo do tipo

''Claro que sim. Agora sim. Quando estão dois dentro de um barco e só um dos lados rema, andamos em círculos. Por isso ancorei o barquito, lancei-o borda fora 
e fiquei atracada a apreciar o pôr-do-sol e tal.'' 

A pessoa riu-se. E eu percebi que, pela primeira vez em muito tempo, não estava a ser hipócrita comigo mesma. Fuck yeah.

domingo, 3 de novembro de 2013

do inverno

estou enrolada numa manta, 
com um pijama polar vestido e o portátil no colo.
de onde é que veio este frio todo de repente, 
que eu só de ter as mãos fora da manta para escrever já criei estalactites em vez de dedos?