segunda-feira, 27 de julho de 2015

do tempo #37


não reconheço a face que encaro no espelho todas as manhãs.
mudei, mudámos, o mundo continua a revirar-se do avesso a cada instante e quando damos por nós aquela já  não é a nossa vida.
esta não é, pelo menos, a vida que esperei ter com 25 anos.
esperei muita coisa, de muita gente, muita mais de mim mesma, que vi cair por terra quando ainda acreditava em todos aqueles sonhos.
agora falha-me a realidade, até essa, palpável, e acordo todos os dias para uma vida que não reconheço como minha. sobram-me as memórias que, a tanto custo, anseio jogar pela janela fora.
sobram-me os laços com pessoas, humanos desprezíveis, que nunca pensei vir a reconhecer ter-lhes dado a oportunidade de me fazerem tanto mal. sobram-me as noites sem sono pelo coração vazio, mais pesado ainda do que quando carregava sonhos e desejos. sobra-me a certeza de ter acrescentado ainda mais pessoas à lista de ''em caso de cruzamento, atravessar para o passeio oposto'' e de isso em nada contribuir para minha felicidade, mas por outro lado conseguir diminuir um pouco a cada dia o poder que esses 'humanos' ainda têm sobre mim.

nunca conseguirei entender quem age sobre má fé gratuita sobre outra pessoa.
somos todos bombas relógio, somos todos bem intencionados até chegar a hora H e muitas vezes termos de escolher salvar a nossa própria pele em vez do outro, mas caramba,,, magoar alguém na incerteza do que se quer e motivado pela frustração da própria infelicidade? ´
este mundo bem que poderia revirar-se do avesso mas para acordar do lado certo.
pelo menos uma vez, do lado certo.


all flowers, in time,
bend towards the sun...

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