domingo, 31 de janeiro de 2016

do (próprio) amor próprio

2016

Cabelo cortado.
Sono em dia.
Uma viagem marcada.
Amigos próximos.
Férias de verão e outono semi-planeadas.
Família equilibrada.
Emprego nos trinques.
Dois concertos na lista,
Um mundo novo.
Uma pessoa nova.
Um sorriso novo, finalmente.
Novamente.
Finalmente.



For all the times that you made me feel small
I fell in love now I fear nothin' at all

[quem diria que em 2016 seriamos todos beliebers? balha-me a santa AHAHAH]






sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

das casas vazias

Há uns tempos percebi que não me conseguia lembrar da tua voz.
Por muito que tentasse simular conversas, repetir declarações, tentar até escutar o som da tua gargalhada lá no fundo do baú, percebi que já não possuía essa memória tua.
Aos poucos fui perdendo tudo: o toque, o cheiro, o brilho do olhar. Como uma casa de onde os donos se mudam e vão aos poucos empacotando caixas, empilhando momentos, embrulhando (em papel de bolhinhas daquelas de estourar) o que mais querem preservar de quedas e destroços.
Um dia a carrinha das mudanças veio e levou tudo. Sobraram só as paredes, com os pregos onde outrora havia quadros, as rachas no tecto e as manchas de humidade, a tinta a ser comida pelo tempo que teima em passar tão devagar quando o queremos acelerado.
Não sei para onde foste. E não falo fisicamente, porque disso não pretendo nem saber - decidi há muito tempo que fossemos caminhos separados, linhas de carris que correm paralelas sem nunca se cruzarem, Mas para onde foste tu dentro de mim? Não é suposto o amor ser para sempre, nem que seja só um bocadinho? Onde está tudo? Aquilo tudo?
Tenho uma caixa com memórias que nunca mais abri por já não fazerem sentido. Talvez se ainda ouvisse no eco da tua voz o meu nome, talvez tivesse saudades do que foi e tentasse revivê-lo aos poucos, nestas noites frias, abrindo a tal caixa onde (e disso ainda me lembro) está um bilhete teu que diz que me tens debaixo da tua pele, como o Sinatra.
Acho que essa é finalmente a única memória que ainda não consegui desprender de ti,  último sopro de vida: a música dele. Mas já não nos vejo aos dois a dançar na tua sala, às gargalhadas a evitar dizer o 'I Love You' no  Fly me to the Moon. (Talvez devêssemos mesmo ter evitado dizê-lo e tudo teria sido mais fácil.) Vejo duas sombras distorcidas, sem voz nem toque nem cheiro nem expressão nem nada. Foi-se tudo.
Outro dia perguntaram-me se estava bem. Estou de facto muito bem e equilibrada como não estava há muito tempo. Gosto de mim, da minha vida profissional, dos momentos com familiares e amigos e dos novos projectos. E de mim, tudo para mim neste momento.
O que mais assusta não é as pessoas que vamos separando de nós nem o facto de seguirmos em frente. Assusta sim ver os sentimentos que tudo foram desvanecerem tão rapidamente que não sabemos como vamos ser capazes de acreditar novamente. Assusta a forma trôpega como se põe fim a histórias que julgávamos tão bonitas. Se aquilo era tudo, o que é que sobra?
Há uns tempos percebi que não me conseguia lembrar da tua voz. E por muito que realmente me passe ao lado a tua memória no dia-a-dia, gostava de ter conseguido guardar com carinho o que fomos, para contar essa história aos meus (não nossos) netos, como prometemos um dia.
Infelizmente, tu não mo permitiste.
E por ter mais uma casa vazia, tenho mesmo muita pena.







sábado, 9 de janeiro de 2016

do tempo #47


so, the Killers...
awesome, hum?


a primeira vez que ouvi The Killers foi precisamente neste episódio.
passado um tempo a minha prima viciou-me no álbum e mais de dez anos depois aqui estamos nós:
dois concertos e uma tatuagem, a par de um meet&greet no backstage e mais um concerto do Mr Brandon. Shame? None.

The O.C. foi a série da minha adolescência (depois juntou-se Gilmore Girls e toda a minha paixão por Friends, mas posso dar a esta série o crédito por grande parte dos meus girly dramas).
gotta love Seth Cohen, right? 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

das coisas da vida

Era muito bom se soubéssemos sempre o que queremos, mas isso só acontece em episódios da Anatomia de Grey, depois de a Meredith gabar pela 500ª vez o cabelo do Derek, e o universo das urgências do hospital lhes parecer a menor das suas preocupações.
Regra geral, o ser humano não faz a mais pequena ideia do que lhe apetece fazer com a sua vidinha miserável, muito menos quando tem de enfrentar uma decisão totalmente decisiva. Concentremo-nos no sexo feminino:  uma mulher já tem demasiados problemas em decidir o que vestir (drama que vai da roupa interior ao calçado, passando pelos acessórios e, no caso do inverno, casacão quente o suficiente), quanto mais em decidir se lhe apetece sair com o Francisco para tomar café ou se lhe apetece construir um futuro com o Marco António. Antigamente, as decisões estavam pré-tomadas; as mulheres sofriam antecipadamente por corações partidos e deixavam-se ficar presas a relacionamentos porque, na verdade, eram umas desocupadas. Hoje em dia uma mulher inteligente e independente assusta mais um homem do que uma mulher de mini saia; imaginem, então, o que uma mulher inteligente e independente pode fazer à cabeça de um homem se usar uma mini saia. Pois, é mesmo isso: as mulheres pensam, rapazes. E não se chama feminismo exacerbado, trata-se simplesmente de não cairmos no engodo de qualquer deficiente mental que elogie os nossos olhos ou sorriso ou, verdadeiramente, decote.
Voltemos ao tema central: a mulher contemporânea não faz a mais pequena ideia do que fazer com a sua vidinha miserável. Cada dia se revela uma nova batalha, e tudo se altera num piscar de olhos. Tão depressa aceitamos um convite para jantar como nos apercebemos que afinal o que nos apetece é uma noite de copos com amigos. Tão depressa nos sentimos cheias de realização pessoal, como acordamos a sentirmo-nos vazias. Tão depressa estamos a ter uma conversa equilibrada , como damos por nós a pensar que aquela pessoa só nos traz problemas e o que mais queremos é tira-la da nossa vida. Tão depressa começamos a escrever um texto supostamente irónico e engraçado, e acabamos a pensar em todos os problemas que quisemos evitar quando começamos a escrever.
As mulheres são complicadas – mas é por tentarem simplificar tudo, a maioria das vezes.
No fundo, o que vos irrita é que nós nos tornamos iguais a vocês em muitas coisas.
Não tentem perceber-nos, não vale a pena. Nem nós nos percebemos, e mesmo quando parecemos decididas, não o estamos. Mudamos de ideias mais vezes do que a lua muda de fases; e meus queridos, o tal meio termo, tão ingrato, é o que mais ansiamos encontrar, para depois percebermos que nunca resulta.
A mulher contemporânea nem sempre é uma cabra sem coração. A mulher contemporânea habituou-se tanto a estar sozinha – culpa vossa – que agora não quer abdicar de toda a segurança que construiu, e de tudo aquilo de que se rodeou ao longo dos tempos.
Conselho: não tentem observar-nos o comportamento para depois preverem o que vamos fazer a seguir. Dependendo dos apetites, um ‘não’ pronunciado por uma mulher tanto pode significar um sim disfarçado, como pode mesmo ser um não redondo. São coisas da vida.



(este texto é de 2011 e é inacreditável o quão descompensada eu já era com 20 anos ahahah)