segunda-feira, 4 de maio de 2015

da metamorfose

Quando era miúda mantinha um diário e acho mesmo que isso me ajudava a não me esquecer de quem era. Pode parecer ridiculo, mas preciso muito dessas bengalas de memória para não me deixar vencer pela metamorfose diária que é ser-se alguém.
Neste momento adorava conseguir escrever como me sinto - mas falham-me as palavras como em muitos anos não falharam, tropeçam-me os raciocínios que sempre foram tão certeiros e convictos - para não me esquecer nunca de quem era hoje, porque amanhã já vou ser outra pessoa.
Queria muito poder imortalizar, nem que fosse em palavras gastas e toscas, a pessoa que era hoje, para conseguir perceber mais tarde - quando a memória, a saudade, as mãos trôpegas à procura... quando tudo me levar ao dia de hoje- o porquê.
No entanto, apesar de me tranquilizar um pouco a ideia de que nunca compreendemos verdadeiramente razão nenhuma, continuo a fitar um caderno em branco em cima da estante.






(Já não escrevo num diário desde os 13 anos.
Não vai ser hoje que recomeço.)


1 comentário:

  1. Mas devia escrever! Eu pessoalmente expresso muito melhor o que sinto através do que escrevo do que digo.

    Coragem e a vamos a isso ;)

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