Quando era miúda mantinha um diário e acho mesmo que isso me ajudava a não me esquecer de quem era. Pode parecer ridiculo, mas preciso muito dessas bengalas de memória para não me deixar vencer pela metamorfose diária que é ser-se alguém.
Neste momento adorava conseguir escrever como me sinto - mas falham-me as palavras como em muitos anos não falharam, tropeçam-me os raciocínios que sempre foram tão certeiros e convictos - para não me esquecer nunca de quem era hoje, porque amanhã já vou ser outra pessoa.
Queria muito poder imortalizar, nem que fosse em palavras gastas e toscas, a pessoa que era hoje, para conseguir perceber mais tarde - quando a memória, a saudade, as mãos trôpegas à procura... quando tudo me levar ao dia de hoje- o porquê.
No entanto, apesar de me tranquilizar um pouco a ideia de que nunca compreendemos verdadeiramente razão nenhuma, continuo a fitar um caderno em branco em cima da estante.
(Já não escrevo num diário desde os 13 anos.
Não vai ser hoje que recomeço.)
Mas devia escrever! Eu pessoalmente expresso muito melhor o que sinto através do que escrevo do que digo.
ResponderEliminarCoragem e a vamos a isso ;)