''O Amor vai sempre contra nós. Por Amarmos, sentimo-nos dependentes desse Amor. Por nos sentirmos dependentes, buscamos a independência. Para buscarmos a independência fingimos que não Amamos. Como não conseguimos fingir muito tempo, voltamos ao princípio. Amamos e sentimo-nos dependentes.
Que merda!
Talvez um dia destes eu Ame alguém que me Ame exactamente da mesma forma. Era a melhor coisa que me podia acontecer, apaixonar-me de novo por aí. Desde que esse alguém fosses tu outra vez. ''
há pessoas que são feitas de merda que transborda e cria mais merda à volta delas, merda essa que vão absorver de novo para gerar ainda mais merda e assim sucessivamente.
e depois têm a lata de nos fazer sentir como se fôssemos nós os geradores de merda - era o que mais havia de faltar.
agora vou masé respirar fundo e curtir o reset feito ao pc que o deixou num brinquinho, enquanto vejo todos os episódios de séries em atraso e agradeço baixinho por certas e determinadas atitudes demonstrarem a verdadeira essência das pessoas.
abri ao calhas o 'Fragmentos de um Discurso Amoroso' e percebi (claro que não) o que é afinal isto das desilusões amorosas
'CATÁSTROFE- Crise violenta no decurso da qual o sujeito, que sente a situação do amor como um impasse definitivo, uma armadilha de que nunca poderá sair, se vê condenado a uma destruição total de si próprio.'
querido Roland Barthes, lamento informar que isto das catástrofes tende a ser mais comum do que o amor em si, mas não pode jamais apelar à autodestruição.
apela, isso sim, à autoregeneração, ao encontro com o eu (já que o nós foi com as urtigas) e à procura incessante de uma paz que nos complete.
é tudo uma treta eu sei. arranjar forças para sair da cama de manhã já é, por si só, uma epopeia. e novamente só quem já se regenerou vezes demais pode compreender o quão exaustivo é combater a ideia 'a sério que isto me aconteceu outra vez?'.
às vezes penso que nasci programada com um negativismo que corrompe à partida toda e qualquer hipótese de felicidade.
depois passa-me pela mente que a culpa é da Disney, do Shakespeare e da Jane Austen, de todos os amores épicos que nunca vi acontecerem comigo e que por isso aniquilo mal me desiludem.
momentaneamente, deixo-me preencher pela ideia de que nós - e só nós - é que sabemos o que nos completa e que encontrar o amor é encontrar quem perceba isso também sem termos de lhe explicar. não me interpretem mal, eu acredito que o amor dá muito trabalho. não acredito é que possa ser encarado como um esforço. como um frete. como um afazer.
porque para picar o ponto já basta um emprego (e todos sabemos o quão comum é trabalharmos no que não gostamos, quanto mais ter de fazer do amor um trabalho também) e quero mais da vida do que ter (e ser) uma muleta para não viver sozinha.
e isso, o querer algo com muita força, o querer mesmo, não faz de mim egoísta ou imatura ou mimada ou até mesmo conflituosa. recuso-me é a ter de pedir algo que é meu por direito e que sempre (mas sempre) dei, sem pensar que teria de o pedir em troca.
quero mais da vida, ponto. e cansei-me de ter de o explicar.
I wasn't looking when we built these walls Let me spread my dreams at your feet Let’s not let time’s bitter flood rise Before my thoughts begin to run
Quando era miúda mantinha um diário e acho mesmo que isso me ajudava a não me esquecer de quem era. Pode parecer ridiculo, mas preciso muito dessas bengalas de memória para não me deixar vencer pela metamorfose diária que é ser-se alguém.
Neste momento adorava conseguir escrever como me sinto - mas falham-me as palavras como em muitos anos não falharam, tropeçam-me os raciocínios que sempre foram tão certeiros e convictos - para não me esquecer nunca de quem era hoje, porque amanhã já vou ser outra pessoa.
Queria muito poder imortalizar, nem que fosse em palavras gastas e toscas, a pessoa que era hoje, para conseguir perceber mais tarde - quando a memória, a saudade, as mãos trôpegas à procura... quando tudo me levar ao dia de hoje- o porquê. No entanto, apesar de me tranquilizar um pouco a ideia de que nunca compreendemos verdadeiramente razão nenhuma, continuo a fitar um caderno em branco em cima da estante.
(Já não escrevo num diário desde os 13 anos.
Não vai ser hoje que recomeço.)