É suposto chegarmos a este dia e fazermos uma retrospectiva de como correu o ano que passou.
Um balanço, uma lista de prós e contras, uma análise detalhada de tudo quanto nos aconteceu, nos moldou, nos mudou...e votos e desejos de tudo o que queremos que passe pela nossa vida no próximo ano.
Comecei o último dia de 2014 deitada na cama a pensar no quanto este ano me massacrou. O quão vincadas ficaram todas as cicatrizes que anos anteriores já tinham deixado e o quão difícil é todos os dias acordar motivada para uma vida que já não reconheço como minha.
Depois de pensar no quanto tudo doeu, vieram à tona todas as memórias de coisas boas que me foram acontecendo, as pequenas vitórias diárias que servem sempre de combustível, a capacidade de amar e ver o coração transbordar para fora do peito, a família sempre com um sorriso, os amigos que apesar de longe ou ocupados encontram sempre um momento para nos dizer que tudo vai correr bem no final.
Não sei se consigo suportar outro ano igual a 2014, a cambalear vazia pelos dias, usando os outros e as minhas próprias emoções como muletas para me aguentar numa rotina que considero suicida.
Preciso de novos horizontes, de novos desafios profissionais, de novas conquistas e hobbies e interesses e sonhos.
Este foi o ano em que, apesar de novas pessoas terem passado a fazer parte de mim, me senti mais sozinha. Como se me fartasse de gritar numa sala cheia de gente mas apenas eu me pudesse ouvir. E acreditem que ouvirmos os nossos próprios gritos durante meses a fio não é de todo uma sensação agradável.
Hoje não vou pedir desejos. Nem comer uvas passas ou subir cadeiras ou agarrar em notas enquanto uso lingerie azul. Hoje vou brindar, rodeada pelos meus, ao início de um novo ciclo de esperança e ao fim de um ano desastroso que unicamente me trouxe de bom a capacidade de amar. O pior nisto tudo é saber, que ainda que eu tenha adquirido de facto essa capacidade e que seja capaz de sentir este mundo e o outro, o mundo não me sente a mim. E isso é que é uma filha da putice que vamos ter de alterar em 2015.
Bom Ano!
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