segunda-feira, 9 de junho de 2014

do tempo #18

As pessoas são naturalmente egoístas. 
Ainda que se possam preocupar com os outros, é o seu umbigo que vem sempre em primeiro lugar - e, do alto dos meus 23 anos, já cheguei a uma fase de raciocínio em que não acho isso condenável mas sim compreensível.
No entanto, o limite para esse egoísmo saudável determina-se numa relação pelo poder que o amor que sentimos tem: até onde é que o bem estar de quem gostamos pode ser uma prioridade maior do que a nossa inércia, por exemplo? 
Durante muito tempo estive habituada a não ser a prioridade de ninguém, a ser apenas a minha única prioridade, e gostava tanto disso que determinantemente afastava qualquer oportunidade que viesse aniquilar esse meu estado de solidão preenchida. Até que um dia dei por mim a gostar de alguém mais do que achava possível, e a ser posta de lado mais do que achava recomendável. 
Esses (des)amores, essas formas de gostar que no fundo são coisa nenhuma, são a bandeira dos eternos egoístas que há muito abandonaram o egoísmo saudável para abraçarem um narcisismo repleto de incertezas e medos e fantasmas e monstros. E eu, que nunca tive medo de lutar de espada em riste, fui a minha própria heroína quando decidi não mais me contentar com essa forma de amor às migalhas.
As pessoas são naturalmente egoístas - e foi precisamente por isso que dediquei um ano a mim mesma, sem buscas, sem desesperos, focada apenas em recuperar a parte de mim que me tinha sido roubada. Agora que conheço uma forma de amor em que me sinto A prioridade, confesso que não sei sequer lidar com pequenas demonstrações de carinho, teoricamente tão simples que me deixam enternecida e a pensar onde esteve ele (onde estivemos nós?!) este tempo todo.
O que me vale é encontrar um oceano de certezas no fundo daqueles olhos - e por muito imprevisível que seja o futuro, o presente ninguém me tira. 
Bring it on.



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