tenho uma sagres radler no colo e o coração em chamas.
este ano passou a correr e trouxe-me tanta coisa boa e diferente que nem sei bem por onde começar.
tenho 26 anos. nunca pensei poder ultrapassar o quarto de século e continuar a poder sentir-me uma adolescente incapaz de tomar conta sequer de um hamster - mas é possível.
está prestes a fazer um ano que mudei de um emprego onde estava há sete e já fez um ano que tirei a carta - se me estiverem a ouvir senhores polícias, estou com a sagres no colo porque não pretendo pegar mais no carro hoje.
este ano fiz três viagens - desde visitar amigas a percorrer 7 países em 13dias, este ano serviu para respirar europa fora e ainda há planos para mais uma escapadela em Outubro. (e não vou nem falar dos planos para 2017 que até fico tonta!)
estou solteira. e digo finalmente isto com uma certeza como nunca disse. porque se com 18 anos me pavoneava pela faculdade senhora de mim, do meu tempo e interesses, e emprego e faculdade e praxe e amigos, a verdade é que nunca estive verdadeiramente só comigo mesma, havia sempre aquela mensagem, aquele date, aqueles amassos. e com os 26 anos vieram os critérios e a paz de saber que estar solteira é uma escolha que fiz com toda a consciência do que isso implica - a vida não foi amiga nesse campo mas, felizmente, penso já ter conseguido aprender que há confusões que podemos evitar, por mais apelativas que nos pareçam.
já vivi grandes histórias, conheci homens incríveis, tive loucas declarações de amor e gestos que ainda hoje recordo com os olhos a brilhar. desde o retrato que me fizeram quando tinha 17 anos à bola de berlim que me deram numa noite qualquer em que me incentivaram pela primeira vez a ligar um carro e conduzir - novamente, senhores polícias, se me estiverem a ouvir, eu não conduzi propriamente, porque o carro foi logo abaixo, ok?
neste momento, escolho estar sozinha por não ter sede de grandes histórias ou gestos. neste momento escolho-me a mim em prol de uma história.
porque o retrato ainda o guardo e a bola de berlim diluiu-se algures entre a celulite das coxas, mas é ao meu coração em chamas que devo todos os dias a sorte de sentir e estar viva.
e neste ano que passou, o ter estado sozinha permitiu-me arder ainda mais e conhecer o mundo e fazer planos e projectos e curtir a juventude que está a desaparecer ao virar da esquina.
tudo tem o seu tempo - e este ano foi o meu.
talvez volte a sede louca de mais uma história que me quebrará em cacos, mesmo eu dizendo agora que aprendi não a ter certezas, mas sim a reconhecer e fugir das dúvidas.
quem sabe? por agora, fico eu e o meu coração em chamas, refrescados por uma sagres radler numa tarde de verão, pós laboral, e que bem que sabe não ter medo deste silêncio. que bem que sabe.
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