terça-feira, 31 de maio de 2016

dos pedaços de nós que nascem

Gosto de pensar que, por muito decididos que pareçamos, andamos todos repletos de dúvidas.
Que cada decisão, cada escolha, é mais um pedaço de nós que morre e nasce ao mesmo tempo, aniquilando algo que, em prol da outra coisa que se escolhe, não vai poder existir.
É lixado isto de decidir o que quer que seja. Começa pelo drama feminino de escolher a roupa certa a combinar com o salto alto, passa depois por decidir beber mais aquele copo (aquele último copo que nos vai fazer enviar sms a quem não devíamos e consequentemente arruinar a noite), talvez um dia passe por escolher o sítio onde queremos casar ou qual o melhor infantário para os nossos filhos. Nunca há certezas porque, simplesmente, não há uma única solução e é isso que nos torra os miolos e nos assusta pra lá de muito.
Às vezes, grande parte das vezes, temos de escolher o melhor para nós. E como pensar em nós primeiro se tornou algo tão criticável e egoísta, torna-se uma cruz demasiado pesada para carregar isto de se tentar ser alguem justo e verdadeiro.
Eu, que já senti na pele o efeito de ser tãããão egoísta (!!!), estou neste momento a gozar da liberdade de ser o que bem me apetecer. De estar com que quiser, vestir o que quiser, trabalhar como quiser, viajar para onde quiser. Tenho vinte e cinco anos, a mente cheia de dúvidas e talvez alguns arrependimentos por caminhos que segui, mas no fim tudo me conforta por saber que fiz o melhor que pude com o que sabia.
E esta treta toda de ser punível pensar em nós primeiro só me dá vontade de rir. Talvez não sejamos todos talhados para a mesma coisa. Talvez nem todos consigamos a proeza de pôr o outro sempre à frente da nossa felicidade e talvez por isso conseguir construir a tão almejada família e futuro. Talvez isso não seja, de facto, aquilo que eu quero e preciso - quem sabe? Se acontecer na minha vida, será porque me faz feliz, não porque tem de ser.
Porque a decisão que tomei no último ano foi essa mesma: se acontecer na minha vida, (estamos obviamente a falar das escolhas que posso fazer), será porque me faz feliz.
E feliz é o que estou agora. :)

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